Motivar para mudar comportamentos: entrevista motivacional para profissionais de saúde

Porquê mudança de comportamentos relacionados com a saúde?

Porque os riscos comportamentais associados às principais causas de morbilidade e mortalidade relacionam-se com alimentação pouco saudável, sedentarismo, uso de substâncias (tais como tabaco, álcool e drogas), ineficácia na gestão de stress, comportamentos sexuais de risco e condução de veículos. Reduzir significativamente esses riscos exige um investimento consistente e permanente na prevenção.

Porque a mudança de comportamentos relacionados com a saúde é um processo quase sempre difícil e complexo, porque multifatorial: envolve fatores individuais, familiares, sociais e culturais. Assim, exige-se uma estratégia preventiva global e combinada, isto é, com foco no aumento da literacia de saúde dos indivíduos ao longo do ciclo de vida, em ações preventivas direcionadas a grupos específicos e desenvolvidas na comunidade, no desenvolvimento de processos de influência social facilitadora da autoajuda e, não menos relevantes, a disponibilização de intervenções individuais eficazes e acessíveis, orientadas por profissionais de saúde. É aqui que se insere a Entrevista Motivacional (EM) como um recurso clínico com eficácia em várias áreas do comportamento humano. 

Porquê a entrevista motivacional?

A Entrevista Motivacional (EM), inicialmente desenvolvida por Miller e Rollnick e aplicada em problemas de álcool e drogas, conheceu ao longo do tempo até à atualidade uma ampliação significativa do seu campo de intervenção, nomeadamente na saúde cardiovascular, diabetes, obesidade, saúde oral, melhoria da adesão a tratamentos em doenças crónicas e promoção de comportamentos saudáveis entre outras áreas, passando quase sempre com destaque a prova da evidência científica em comparação com outras formas de intervenção.

É um estilo de diálogo colaborativo cuja finalidade é a de fortalecer a motivação da pessoa e o seu compromisso para mudar; uma forma de centrar a abordagem na pessoa, facilitar a resolução da sua ambivalência e deixar que seja ela a conduzir o processo de mudança. A ajuda que o profissional pode oferecer às pessoas é a de facilitar avanços ao longo dos vários estádios de mudança, tendo em conta que cada pessoa tem características singulares e necessidades específicas e diferentes das outras pessoas.

Pretende-se com esta ação de formação proporcionar formação inicial a profissionais de saúde que procuram motivar pessoas a realizarem mudanças de comportamento de risco em diferentes contextos e que, para isso, pretendam basear-se numa metodologia que tem a vantagem de ser uma intervenção breve em intensidade e duração e, ao mesmo tempo, uma metodologia prática e objetiva que qualquer profissional de saúde poderá aplicar desde que esteja capacitado para tal.

José A. Carvalho Teixeira