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Do Laboratório ao mundo

O papel crucial da Comunicação na Ciência
Do Laboratório ao mundo: O papel crucial da Comunicação na Ciência

 

 

Na era da informação, a comunicação eficaz da ciência emerge como uma habilidade indispensável. Uma caixa de ferramentas que ajuda a abrir janelas para o mundo, a construir pontes entre a ciência e o público e a pavimentar os caminhos da literacia científica rumo a uma sociedade mais informada e apta para tomar as melhores decisões. Um caminho já trilhado por grandes cientistas e excelentes comunicadores que é preciso continuar e alargar, num contexto desafiante onde a tecnologia se reinventa todos os dias e as informações sem base científica se multiplicam ad infinitum.

 

Numa sociedade onde a ciência molda o nosso quotidiano de forma cada vez mais profunda, a comunicação eficaz da ciência é uma necessidade premente, mas, para muitos académicos e estudantes universitários, o poder da comunicação clara e acessível, quando se trata de partilhar os trabalhos de pesquisa e descobertas científicas com o público, ainda não é evidente.

 

Façamos o exercício de imaginar como seria o nosso mundo se os grandes pioneiros da ciência - de Galileu a Einstein - tivessem mantido os seus insights revolucionários trancados em jargões académicos incompreensíveis. Ninguém poderá dizer para onde teria avançado a história da Humanidade, mas todos concordamos que teria sido drasticamente diferente. 

 

Felizmente, ao longo dos tempos, a importância da comunicação de ciência foi ganhando adeptos e surgiram cientistas que perceberam o valor de comunicar as suas descobertas de forma acessível e envolvente para públicos mais abrangentes do que a comunidade científica.

 

Um exemplo notável é o astrofísico Carl Sagan. Sagan não só fez contribuições significativas para a nossa compreensão do cosmos, mas também se tornou um ícone da comunicação científica através da sua série televisiva "Cosmos". Com uma narrativa cativante e uma habilidade notável para traduzir conceitos complexos em ideias acessíveis, Sagan inspirou gerações a apaixonarem-se pela ciência e a compreenderem a importância da ciência no mundo em que vivemos e nas nossas vidas.

 

Outro exemplo inspirador é o físico britânico Brian Cox. Conhecido pela sua capacidade de tornar temas complexos de física acessíveis ao público, Cox desafia a ideia de que a ciência é um domínio exclusivo dos especialistas. Através de programas de televisão, livros e palestras, demonstra como a ciência pode ser fascinante e relevante para todos com tal mestria que veio a ser considerado o sucessor natural da programação científica da BBC pelo próprio David Attenborough – o comunicador por excelência da área científica.

 

 

 

Responsabilidade de comunicar a ciência

 

Se nem todos têm de ser Sagan, Cox, ou Attenborough, todos têm responsabilidade na divulgação da ciência. Estes exemplos destacam uma verdade fundamental: a comunicação eficaz não é apenas uma habilidade útil, mas uma responsabilidade moral para os cientistas. Ao partilhar as suas descobertas de maneira acessível e envolvente, os cientistas podem inspirar o interesse público pela ciência, promover a literacia científica e até mesmo influenciar políticas e decisões relevantes para a Humanidade.

 

No entanto, para muitos académicos e estudantes universitários, a ideia de comunicar a ciência de forma eficaz pode parecer intimidante. É aqui que entra a importância da formação em comunicação de ciência e da forma como as boas práticas de comunicação de ciência podem dotar os participantes das habilidades e da confiança necessárias para comunicar eficazmente as suas investigações e os resultados científicos, qualquer que seja o contexto.

 

 

 

Comunicar Ciência

 

No curso Comunicar Ciência proposto pela Formação Ispa, os participantes aprenderão a simplificar conceitos complexos, a adaptar a linguagem para diferentes públicos, a utilizar ferramentas de comunicação modernas, como as redes sociais e outras plataformas digitais e descobrirão técnicas de narrativa para captar o interesse dos públicos.  Para além disso, aprenderão técnicas para lidar com o desafio de falar em público e formas de interagir com os media que, pelo alcance que têm, desempenham um papel fundamental na divulgação do conhecimento científico. Terão, também, a oportunidade de praticar e melhorar as suas habilidades através de exercícios e receber feedback construtivo.

 

Ainda que o desafio da comunicação possa, à primeira vista, parecer gigante, inspiremo-nos em exemplos de superação na história da ciência, como o de Marie Curie, que não se deixou paralisar pelas adversidades enfrentadas como mulher na ciência, na sua época, nem pelos desafios de comunicar as suas descobertas revolucionárias sobre a radioatividade. Curie persistiu e encontrou formas criativas de transmitir a importância do seu trabalho e não só se tornou a primeira mulher a ganhar um Prémio Nobel, como se tornou a primeira cientista a ganhar um Prémio Nobel duas vezes, em duas áreas diferentes, sendo o seu trabalho o farol de gerações de cientistas.

 

Mesmo sem base científica, creio que poderemos afirmar que o conhecimento do trabalho de muitos dos grandes nomes da ciência foi inspirando novas gerações de cientistas. Esse legado de inspiração só é possível se o trabalho científico se tornar conhecido. 

 

A comunicação de ciência da sociedade atual tem ainda outros desafios trazidos pela aldeia global. Sem uma consciencialização geral da ciência no domínio público e sem uma divulgação alargada do progresso científico, o público não tem meios, na miríade dos conteúdos a que tem acesso, para “escapar” à influência generalizada das crenças místicas e da desinformação.

 

O papel da comunicação científica é também colmatar esta falta e trazer as realizações científicas ao conhecimento do público e aos agentes decisores da sociedade, como os políticos e a indústria, tornando a informação sobre ciência crucial para decisões fundamentadas.

 

O objetivo do curso de Comunicação de Ciência disponibilizado pelo Ispa é dotar os participantes das habilidades práticas necessárias para comunicar a ciência de forma eficaz, entendendo a comunicação de ciência não apenas como mais uma tarefa a ser realizada, mas uma grande oportunidade de inspirar, educar e transformar o mundo ao seu redor.

 

Não só como cientistas, mas também como comunicadores, os membros da comunidade científica têm o potencial de fazer a diferença na forma como a sociedade percebe e valoriza a ciência e têm o dever de educar. Como afirma o conceituado comunicador científico Neil deGrasse Tyson, "O objetivo da educação não é apenas transmitir informações, mas também transformar a informação em ideias". Para isso, são fundamentais as ferramentas da comunicação.

 

 

Maria Barradas

Sobre a autora

Maria Barradas

 

Formadora certificada. 34 anos de carreira jornalística nas áreas da Ciência, Saúde, Sociedade, Política Internacional e geoestratégia; Media trainer, Consultora de Comunicação

 

Cursos com a Formação Ispa:

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